A Irlanda é uma ilha com uma beleza inexplicável. Sou feliz por estar aqui e ter a oportunidade de conhecer aos poucos cada canto do país.
No dia 04 de março fui de trem para Galway. As passagens de ônibus são mais baratas, mas a aventura seria mais interessante se fosse de trem. Como tenho a carteirinha de estudante, paguei € 20,00 na passagem de ida mais a volta. Compramos os tickets on line na Irish Rail e imprimimos nos terminais da estação no dia da viagem. Rápido e fácil.
Reservamos o hostel pela internet também. Nossa reserva foi feita em dois hostel, um para o dia 04 e outro para o dia 05/03. Não havia vagas no mesmo hostel nos dias seguidos. No dia 04/03 ficamos no Salmon Weir Hostel e a reserva do dia 05/03 foi no Nimmos Hostel.
Saímos da Heuston Station, que fica próximo a nossa casa, as 09h30am do dia 04. O trem que nos levou até Galway foi demais! Nas janelas acima dos acentos consta o nome do passageiro e qual a poltrona que ele deve se sentar.
As informações sobre a viagem são anunciadas aos passageiros primeiro na língua irlandesa e na sequência na língua inglesa, assim como os nomes das estações.
Sexta-feira, primeiro dia… Galway
Chegamos a Galway por volta das 12h00. A cidade é encantadora e preserva toda a cultura irlandesa. Saímos da estação e seguimos até a Quay Street, uma das principais ruas do centro de Galway, nela há várias lojas e pubs tradicionais.
Fomos até um pequeno Centro de Informações (CI) para saber onde ficava nosso hostel. Descobrimos que ele estava a duas quadras dalí. Chegamos no hostel Salmon, pagamos a nossa pernoite e fomos conhecer o quarto.
Era um quarto para seis pessoas. Haviam dois armários no quarto e como chegamos primeiro ficamos com eles. Esse é um dos pontos negativos desse hostel, porque chegaram mais pessoas e não havia lugar seguro para guardar as malas. Outro ponto negativo é que nosso quarto estava sem aquecedor, mas isso nós resolvemos, pegamos no quarto ao lado que estava vazio.
Deixamos nossas mochilas no armário, algumas coisas em cima das camas, como um aviso de “já tem gente aqui!” e saimos para conhecer a cidade.
Apenas com um mapa e maquina fotográfica na mão, andamos pelo centro de Galway. A cidade é realmente encantadora e o clima é bem melhor do que o de Dublin, ou seja, bem mais quente.
Aproveitamos a caminhada pela cidade e procuramos outro CI para saber se dava para fazer algum tipo de city tour como em Dublin, mas não havia agências com esse tipo de tour programado. O CI que visitamos é bem maior do que o primeiro e fica na Forster Street, próximo a estação de trem.
Perguntamos sobre os pubs tradicionais da cidade, queríamos ouvir música irlandesa e aproveitar bem a noite. A atendente muito simpática nos indicou dois pubs, o Taaffes e Tig Coil.
Separamos alguns panfletos de agências que promovem tour pelos Cliffs of Moher e para Connemara. A idéia era ir para os Cliffs no sábado e Connemara no domingo, mas a nossa preocupação era com o horário de retorno a Galway no domingo. Todas as agências retornavam no horário próximo ao que nosso trem partiria para Dublin.
Qualquer tour que você contratar pode ser paga com cartão de crédito/débito, porém esse tipo de pagamento é efetuado somente no CI. Na Coath Station, onde estão concentradas as agências e de onde saem os ônibus para os passeios turísticos, você só pode efetuar o pagamento em dinheiro.
A agência que contratamos os passeios, aceitou o pagamento com o cartão VTM, na Coach Station mesmo.
Não há necessidade de contratar os serviços antecipadamente, você pode deixar para pagar no dia do passeio.
Voltamos para hostel, comemos alguma coisa e nos arrumamos para sair. A intenção era aproveitar o máximo possível da nossa noite. Nesse intervalo, chegaram alguns mexicanos para dividir o quarto do hostel com a gente.
Saímos do hostel cedo e fomos para a Quay e Hight Street, uma é continuação da outra. Achamos estranho porque as ruas estavam vazias e era por volta das 19h30. Nesse horário as ruas do Templo Bar já estão cheias.
Começamos pelos pubs indicados, o primeiro foi o Tig Coil. A atendente do CI nos disse que lá havia músicas tradicionais todas as noites. Fomos até lá, mas não estava muito legal. Tinha um senhor cantando músicas um pouco depressivas para quem queria aproveitar a noite.
Entramos, ficamos um pouco e seguimos em direção ao próximo pub indicado, o Taaffes, também com pouca gente, mas sentamos e compramos a nossa primeira guinness de Galway. Por volta das 22h, uma banda tocaria músicas tradicionais.
O pub é bem legal, mas já estávamos lá há três horas e nada da banda tocar. Decidimos andar e conhecer outros pubs. Quando saímos entendemos que o movimento começa sempre um pouco mais tarde na sexta-feira.
Entramos no também tradicional Tigh Neachtain, ele tem espaços limitados, mas é um pub bem legal e estava super lotado.
Entrando de pub em pub, descobrimos um bem diferente. É o The Townhouse, decorado com móveis antigos, achei bem legal. Ele fica descendo a Quay Street, em frente ao rio.
Subimos a Quay Street novamente e nos deparamos com um pub que ignoramos no começo. A certeza era tanta de que o pub fosse algo entediante, que ficamos surpresas quando descobrimos que era o melhor pub de Galway.
Entramos no The Quays e tinha uma banda tocando pop/rock. O pub é fantástico, com uma decoração rústica e vários ambientes.
Ficamos no The Quays pelo resto da noite, curtindo o som da banda Chamalion, tomando guinness para variar, até dar nosso horário de voltar para hostel.
O Salmon tem outro ponto negativo, ele tem horário para fechar suas portas, ou seja, se você se hospedar la, terá que voltar da noitada antes das 03h00. Eles trancam as portas e retornam ao atendimento somente as 09h00.
Mas a idéia de sair cedo do hostel para a noitada foi porque nós realmente tínhamos que ir para cama cedo, pois no dia seguinte além de contratar a tour para os Cliffs of Moher, nós tínhamos que mudar de hostel.
Sábado, segundo dia…. Cliffs of Moher
Acordamos bem cedo para nos arrumarmos. Tomamos café, pegamos as mochilas e fomos até a recepção do hostel para fazer o check out e não havia ninguém para nos atender. Óbvio, era 07h40 da manhã e o atendimento inicia as 09h00.
Enfim, deixamos um bilhete na recepção avisando que já havíamos deixado o hostel. Nosso tempo era curto, tínhamos que ir até o outro hostel, deixar as malas e seguir até a Coach Station para fechar o tour pelos Cliffs of Moher, que estava marcado para sair as 10h00.
Chegamos no Nimmos Hostel as 8h00 e adivinha? Interfone desligado e ninguém para nos atender. A sorte que tínhamos anotado o telefone do hostel e depois de insistir tanto, conseguimos falar com alguém para abrir a porta.
Um senhor nos atendeu, deixamos as mochilas com ele e fomos direto para a Coach Station. Fechamos com a Galway Tour Company.
Eles nos deram descontos nos dois passeios: sábado para o Cliffs of Moher e no domingo para Connemara. Tudo ficou €36,00. E ainda nos garantiram a volta para Dublin no domingo, gratuita, caso nosso ônibus retornasse a Galway após o horário do nosso trem.
O passeio para os Cliffs of Moher foi fantástico. No caminho para os Cliffs, passamos por vários pontos turísticos e a paisagem é inacreditável, sem exageros.
Nossa primeira parada foi emocionante para mim. Eu sempre quis ver um castelo e paramos para visitar o Dunguaire Castle. Ele é pequeno, se comparado aos outros castelos que existem pelo resto da Irlanda, mas não deixou de ser um sonho realizado, hehe
Passamos por várias ruínas no caminho, mas só deu para fotografar de dentro do ônibus porque não estava programada paradas nesses pontos. As fotos não ficaram nítidas, por isso não vou postá-las.
Nossa próxima parada foi o Ballyalban Earthin Ring Fort. É um forte feito de terra em formato redondo. Nosso guia disse que é morada de fadas e leprechauns e que era para tomarmos cuidado porque algum leprechaun poderia agarrar a nossa perna enquanto andávamos por lá.
É um lugar muito bonito realmente parece morada de seres encantados.
Depois da tentativa sem sucesso de encontrar um pote de ouro no forte de Ballyalban, seguimos viagem com destino a Poulnabrone Dolmen.
Poulnabrone Dolmen é uma grande tumba construída no período neolítico, cerca de 2.500aC. Passamos por várias tumbas até chegar na maior. Para mim é incrível estar em lugares milenares como esse. Pode não significar muito para outras pessoas, mas isso é o registro físico de nossa história, fantástico.
Fizemos uma rápida parada e somente para fotos no Leamanag Castle, infelizmente não deu para visitar o interior, mas tudo bem, um dia volto para fazer tudo isso com mais calma. 🙂
Paramos por vinte minutos em Kilfenora. Visitamos as ruínas da pequena Kilfenora Cathedral, uma igreja medieval.
Passamos por Lisdoonvana, onde tem um pub famoso do amor, abaixo as fotos para quem quiser se aventurar. Mas vá em setembro, tem o Marchmarkin Festival. 🙂
Nossa última parada antes dos Cliffs of Moher, foi em Doolin. Algumas pessoas aproveitaram para almoçar, enquanto isso fui dar uma volta pelo lugar.
Subindo a rua, do lado esquerdo da para ver o mar. A paisagem seria mais incrível se o tempo tivesse colaborado.
Depois de rodar por lugares incríveis, chegamos ao ápice de todos: Cliffs of Moher. Essa obra é a mais antiga do que todas que passamos por hoje e melhor, foi criada naturalmente.
Pena que o tempo não ajudou, mas já deu para sentir a energia e a beleza do lugar. Sem mais comentários, vejam as fotos:
Ficamos nos Cliffs por uma hora e meia, não é suficiente para apreciar e tirar fotos, mas valeu a pena. Foi demais.
Na volta para Galway paramos em Ballyreen. Lindo.
Praticamente a maior parte do caminho da volta foi a beira mar.
Nosso motorista parou o ônibus e pediu para todos olharem para as pedras que estavam do lado direito.
Na rocha há três buracos. Os dois primeiros seriam olhos e terceiro abaixo seria uma boca. Para os irlandeses, essa formação é a cabeça de um Leprechaun. Se você olhar bem, até parece que tem um rostinho ali.
Chegamos na Coach Station as 19h00. Fomos direto para hostel, não havíamos feito o check in ainda. Pagamos a pernoite e fomos conhecer nosso quarto.
Era um quarto para 10 pessoas e contando com a gente, haviam nove pessoas no quarto. Nossos companheiros até então eram ingleses e um pouco antipáticos.
Deixamos nossas coisas nas camas vagas e fomos nos arrumar para curtir mais uma noite em Galway. Desta vez não saímos tão cedo do hostel e chegamos na Quay Street no hora certa.
Fomos direto ao pub The Quay, mas nas noites de sábado quem comanda o pub é um Dj. Ficamos um pouco por lá e saímos para dar uma volta.
Paramos no tradicional Tigh Neachtain, tomamos uma guinness do lado de fora. Sim, do lado de fora! Não estava tão frio quando chegamos.
Andando pela rua movimentada, descobrimos outro pub legal que não havíamos entrado na sexta a noite, era o The Kings Head. Super bacana e tinha uma banda tocando pop/rock.
Ficamos um pouco por lá e saímos para dar uma volta. Encontramos outro pub com banda, era o Spanish Arch Bar. O pub é meio estranho e com gente mais estranha ainda, mas a banda que tocava era boa.
Tinha uma galera tomando caipirinha lá! Fotografamos o momento Irlanda e Brasil na mesa.
Ficamos um pouco por lá e nesse pouco tempo apareceu uma irish doidona que tirou uma foto com a gente, hehehe. Ela se jogou na nossa foto, foi engraçado.
No sábado não esticamos muito a nossa noite, andamos o dia todo e no domingo tínhamos que acordar cedo, fazer o check out e ir para próxima tour com as mochilas.
Voltamos cedo para hostel. O Nimmos é diferente do Salmon, eles não estipulam um horário para você retornar ao hostel. Tem um sistema de segurança na porta e é só digitar a senha e ela abre. Ele também é bem maior que o Salmon e mais estranho também.
Enfim, arrumamos nossas coisas para o dia seguinte e fomos dormir. Quer dizer, tentamos dormir. Há vários pubs próximos ao hostel, não há cortinas no quarto em que ficamos e a luz entrou a vontade a noite toda. Sem contar o barulho de carro e das pessoas na rua. Foi difícil pegar no sono, mesmo cansada.
Domingo, terceiro e último dia… Connemara
Acordamos cedo, pegamos nossas coisinhas e fomos para a Coach Station.
Antes de sair do hostel, conhecemos uma brasileira que dividiu o quarto com a gente. Muito simpática. Ela está mochilando pela Europa e estava de passagem pela Irlanda.
Partimos para Connemara em um ônibus menor em relação ao dia anterior. Tanto o guia do Cliffs of Moher e o guia que nos levou para Connemara são ótimas pessoas. Descontraídos e com muitas informações para dar.
Passamos por uma fazenda que havia várias vacas pastando. Segundo nosso guia as vacas irlandesas não produzem leite, mas cerveja.
Sim, são vacas “cervejeiras”. Segundo ele, a vaca preta produz a Guinness e a vaca branca produz a Budweiser. Uma dúvida: será que a vaca marrom é diferente e produz a Bulmers?
Passamos por várias tower houses no meio do caminho. Não consegui fotografá-las bem, esse motorista corria mais do que o motorista do Cliffs!
Nossa primeira visita foi nas ruínas de Ross Errily Friary. O lugar é muito grande, mas tivemos pouco templo para explorá-lo. Adorei!
Na sequência, paramos em Cong Village, uma vila muito bonita. Visitamos também as ruínas da Cong Abbey, que tem um lindo jardim.
Paramos por trinta minutos e seguimos viagem. No caminho encontramos um ser lindo demais, o Mr Pony. Assim que o motorista buzinou, ele correu para porteira, porque sabia que ganharia uma cenoura. Fiquei feliz por poder entregá-la a ele.
Não foi só o Mr. Pony que encontramos pelo caminho…
Passamos por Leenane, Killary Fjord e Pet Bogs uma paisagem maravilhosa.
Nossa última visita foi ao Kylemore Abbey, que fica no Connemara Park. É uma mansão muito bonita, mas para entrar é preciso pagar €7,00.
Na verdade não há escolha, porque se você não pagar não tem o que ver, pois não passará do restaurante que fica na entrada, próximo a portaria.
Podemos visitar o interior da mansão, mas somente a parte térrea, os demais andares são fechados ao público. Ainda bem, porque fiquei com medo só de entrar nos cômodos liberados, bonito, mas assustador!
No caminho de volta, uma estátua de Connemara. Segundo nosso guia, “conn” significa Deus e “mara” mar.
Chegamos em Galway as 17h45. Os quinze minutos foram suficiente para entrarmos no trem.
Chegamos em Dublin as 20h30. Foi uma viagem e tanto! Faria outra sim, porque há muito o que explorar ainda, não só no oeste da Irlanda, mas em toda ilha!
Beijos!